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No 1 a 1 de Palmeiras e Flamengo, um tempo com a identidade de cada time

Publicada em 09/07/2023 às 12:33h | Por Carlos Eduardo Mansur/ge 

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No 1 a 1 de Palmeiras e Flamengo, um tempo com a identidade de cada time
Palmeiras x Flamengo: Richard e Pedro -  (Foto: Marcos Ribolli)


Se há jogos que provam que o futebol é uma combinação entre o coletivo e o individual, entre as estratégias pensadas pelos treinadores e a execução dos 22 intérpretes no campo, entre as ideias de jogo e a capacidade de influência de alguns nomes acima da média, o 1 a 1 de Palmeiras e Flamengo foi uma destas partidas. Um tempo para cada time, por causa das estratégias, mas também do talento, do poder que alguns jogadores têm de ditar o rumo de um jogo.

Houve vitória clara de Abel Ferreira no primeiro tempo, quando o jogo pensado por Sampaoli, com dois pontas e menos meias, não funcionou. E houve a resposta do argentino na segunda etapa, com mais controle da bola, embora em dado momento o Palmeiras tenha tido boas chances de contragolpe e o Flamengo tenha conseguido poucas finalizações em boas condições.

Mas também houve o papel dos jogadores, e aí há um contraste importante. O treinador do Palmeiras, após a saída de Artur e a entrada de Murillo, só voltou a recorrer ao banco de reservas nos minutos finais do jogo. E colocou em campo um jogador de 16 anos, outro de 17 e dois de 21. Já Sampaoli tinha à disposição Éverton Ribeiro, Arrascaeta e Bruno Henrique. Faz diferença, porque jogadores deste nível somam à característica uma capacidade de influência, uma espécie de hierarquia. O que valeu para os dois lados.

No jogo de imposição e ritmo alto do Palmeiras no primeiro tempo, Dudu era perigo constante, finalizando ou iniciando lances que terminariam do lado oposto do ataque. Até que o Flamengo totalmente superado da etapa inicial passou a conservar a bola e dar mais pausa, porque seus substitutos são capazes de influenciar o andamento de um jogo, de tomar a rédea. E, neste caso, o contraste depõe a favor de Abel Ferreira: é notável como faz este time competir e permanecer no topo, inclusive desenvolvendo jogadores, mesmo jogando com menos peças de elite.

Por falar em contrastes, um deles ditou o primeiro tempo. O português completará em outubro três anos de Palmeiras. Sampaoli tem menos de três meses de Flamengo. Naturalmente, o Palmeiras sabia exatamente o que queria e controlava claramente o jogo. Do lado oposto, era compreensível que, ao tentar recorrer a um plano diferente do habitual, com dois pontas abertos para buscar duelos pelos lados, o Flamengo tenha perdido identidade. Sampaoli tentou se adaptar a um jogo que, por lógica, seria diferente da partida contra o Athletico-PR, afinal o Palmeiras não iniciaria o jogo encerrado atrás. Mas não funcionou.

Primeiro, pela ótima pressão na saída de bola rival. Em tese, Rony cuidava dos dois zagueiros, enquanto os três meias emparelhavam com o trio de meio-campistas do Flamengo. Cabia a Dudu vigiar Wesley. Até que, em dado momento, Dudu saía para pressionar o outro defensor, obrigando uma bola longa ou um passe mais arriscado para Wesley. Neste momento, Richard Ríos cobria. O Flamengo perdia a bola rapidamente.

Além disso, ao construir, o Palmeiras abusava das inversões de lado, em especial da esquerda para a direita. Primeiro, porque chegava ao ataque com até cinco homens, sobrecarregando a linha defensiva do Flamengo. Assim, os cruzamentos na segunda trave sempre encontravam atacantes em boa condição. Além disso, os movimentos de Artur e Mayke na direita geravam uma superioridade que os rubro-negros não conseguiam defender.

Éverton Cebolinha não era um ponta que retornava pelo lado acompanhando Mayke. Na verdade, ele defendia mais pelo centro, perto de Pedro. Quando Gérson era atraído para marcar mais à frente, Thiago Maia se via muito sozinho à frente da defesa, onde o Palmeiras colocava dois meias: em geral, Raphael Veiga e Artur, que saía da ponta para o centro e liberava o corredor para Mayke, deixando Ayrton Lucas em dúvidas sobre quem marcar. Assim surgiu o primeiro gol, nascido num passe para Artur que, além da boa movimentação do atacante palmeirense, teve a falha de Cebolinha, que nem pressionou o homem da bola, tampouco cortou a possibilidade de passe. O Palmeiras era claramente superior e sabia as rotas para atacar.

Já o Flamengo estranhava a si próprio. Não é dizer que este é um time capaz de jogar apenas acumulando meio-campistas que gostam da bola no pé para trocar passes curtos. Já houve jogos em que o time jogou bem em ataques mais verticais. Mas a formação com dois pontas fez o time perder, além de alguma pausa no jogo, a capacidade de articular. Entre outras coisas, porque os dois laterais do time são jogadores mais de passagem do que de construção. Então, as funções de laterais e pontas não se completavam.

Ainda assim, este Flamengo vive um dilema. Éverton Ribeiro e Arrascaeta entraram e, claro, o time melhorou. Teve mais a bola, fez o jogo acontecer mais no campo adversário. No entanto, retornou a dificuldade de infiltrar, de transformar posse em chances, em contundência. Ainda faltavam movimentos de infiltração. Então, por pelo menos 20 minutos de segundo tempo, era difícil dizer que o jogo se tornara totalmente desconfortável para o Palmeiras. O time de Abel já não queria tanto a bola, queria as estocadas. E por duas vezes as teve, em lances mais perigosos do que os gerados pelo controle da posse do Flamengo – que, por sua vez, tem a reclamar um pênalti em Éverton Ribeiro. E Weverton não chegou a ver seu gol ameaçado com frequência.

A perda de Artur fez mal ao Palmeiras. E a entrada de Murillo, um terceiro zagueiro, até poderia fazer sentido num momento em que o Flamengo pesava mais o campo ofensivo. No entanto, com jogadores que recebiam mais a bola no pé do que em profundidade, ter uma linha de cinco para defender teve menos efeitos do que a perda de um homem para duelar na intermediária. O Palmeiras perdeu escape, Sampaoli lançou Bruno Henrique para ter mais ataque à área rival, até que uma bonita costura terminou em passe de Éverton e gol de Arrascaeta. Pelo lado rubro-negro, outro destaque foi David Luiz, excelente nos duelos defensivos e, melhor ainda, conduzindo a bola para o ataque.

Num jogo de dois tempos distintos, o 1 a 1 não foi ideal para as ambições de rubro-negros ou alviverdes no Brasileiro. Mas cada parte do jogo teve a identidade de um dos rivais.




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