No próximo dia 3, a seleção feminina do Brasil embarca para a Austrália com uma delegação maior do que na edição anterior, da França, em 2019. São nove pessoas a mais e quatro vezes mais mulheres na delegação. Na última Copa, 21 pessoas fizeram parte do grupo de apoio, além das atletas, sendo quatro mulheres. Nesta edição, serão 32 profissionais, entre os quais, 17 mulheres.
O acréscimo de pessoas se deve ao fato de que, dessa vez, a delegação contará com profissionais que não tinha na França, como uma psicóloga, massagista e seguranças.
Entre as quatro mulheres da delegação de Paris, só havia três profissionais. A quarta integrante do sexo feminino era a chefe de delegação, a presidente da federação paraibana, Michelle Ramalho. Dessa vez, o grupo será chefiado pelo presidente da federação do Distrito Federal, Daniel Vasconcelos.
Pia Sundhage, Ivi Casagrande (preparadora física) e Rodrigo Morandi (fisiologista) - Foto: Thais Magalhães
Entre as profissionais que estarão na Austrália e Nova Zelândia, estará a preparadora Ivi Casagrande. Contratada em setembro, ela fará a primeira competição com a seleção. Ivi atuou em outras cinco datas FIFA e dois períodos de treinamento com o grupo.
Assim como em 2019, a preparação contou com a presença de uma médica ginecologista, na Granja Comary, para avaliar as atletas que passaram por Teresópolis neste período pré-convocação. A médica Thathiana Parmigiano está na CBF desde 2011. Também estiveram na Granja outras especialidades médicas, como clínica geral e ortopedista.
- Algumas meninas eu acompanho desde que elas eram muito mais novas e a gente foi criando essa mentalidade de uma importância em relação ao cuidado feminino, diferente do masculino, de não trazer só coisas que vinham do masculino para preparação delas, levando em conta individualidade de cada uma e a individualidade das mulheres mesmo.
As consultas prévias ajudam a organizar questões femininas importantes, como ciclo menstrual, por exemplo:
- Na hora que você vai cuidar da atleta a gente consegue abordar de diferentes maneiras, tem a visão médica, o médico do esporte, o ortopedista, e especificamente no feminino, a ginecologia. Eu costumo brincar que não tem nada mais feminino que o ciclo menstrual, então não tem como a gente passar por um time, uma equipe feminina e não falar disso e não ver como efetivamente a menstruação influencia ou não uma atleta. Se ela influencia de uma maneira negativa ou, porque não, positiva, a gente, às vezes, tem a ideia de que todo mundo fica mal na menstruação, que tem a TPM, isso não é verdade. Então mesmo dentro de um time a gente olha individualmente para elas. Minimizar uma influência negativa, ver se ela se relaciona bem com o fluxo menstrual, se ,quer jogar menstruada ou não é uma outra linha de ação super importante. Não engravidar sem querer é outra, fisioterapia pélvica é uma coisa importante, nutrição esportiva para mulher atleta é algo essencial...
Teresópolis
A convocação para a Copa, dessa vez, foi precedida de uma pré-temporada para que a técnica Pia Sundhage pudesse observar as atletas que estavam na Europa e já estavam de férias. Quinze atletas treinaram, sobretudo a parte física, durante cinco dias na Granja Comary. No domingo, o período foi encerrado com um jogo-treino contra o sub-15 masculino do Botafogo. A partida acabou em 4 a 1 para o time do Rio.
- Essa foi uma oportunidade e experiência muito boa para a gente, porque nossas jogadoras estavam cansadas e jogar contra os meninos foi a melhor que poderíamos ter feito no último treino. Eu falei para o treinador que quando estivermos jogando a final lembrarei do Botafogo, foi fenomenal. Outra coisa que comentei, falei que ele deveria estar orgulhoso dos seus meninos, por conta do comportamento deles, da maneira que eles jogaram e realmente apoiaram o futebol feminino, foi fenomenal - disse a técnica Pia Sundhage.