Eu queria poder trocar uma ideia com Anselmo, hoje. Chegar e falar, sabe, Anselmo, tem um cara chamado  Guimarães Rosa, ele era um gênio, foi diplomata e morou em muitos lugares, mas um lugar que ele gostava muito era o Sertão, em especial entre Bahia e Minas Gerais. Ele escreveu o Grande Sertão Veredas, que é um livro mundialmente reconhecido. Lá pela página 293, tem isso aqui:

“O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem. O que Deus quer é ver a gente aprendendo a ser capaz de ficar alegre a mais, no meio da alegria, e inda mais alegre ainda no meio da tristeza!”

Vejam, se futebol fosse somente vitórias não faria sentido. E mais, parando para pensar, certas derrotas fazem mais sentido do que muitas vitórias. Hoje o CRB perdeu para um Fortaleza que já não é mais um time mediano do futebol brasileiro. Perdeu para um Fortaleza constantemente citado como exemplo de gestão e de clube, que renasceu das cinzas das sucessivas vergonhas e tragédias para tornar-se extremamente competitivo. E é aí que está o mérito do CRB. Não só do CRB, o mérito do jogo, do futebol em si. Porque o futebol permite que gente inteligente como Daniel Paulista consiga, com poucas peças, jogar um grande jogo. Para nós, que lotamos o estádio, ver a Copa do nordeste ser decidida em Alagoas, ver o CRB amassar o Fortaleza no segundo tempo e devolver o placar do jogo de ida, jogando com CORAGEM, foi o que encheu o peito do regatiano de orgulho. O torcedor não é bobo, em especial o do CRB, acostumado a ver desesperança e ausência de planos durante anos. O Torcedor do CRB aplaudiu o time hoje, aplaudiu Anselmo Ramon, porque no fim das contas a torcida sabe do valor das coisas.

Por isso eu digo, pra mim, o pai continua na casa.

*É professor, escritor, empreendedor (no bom sentido) e cantador de coco alagoano