A Secretaria de Estado da Segurança Pública de Alagoas (SSP) detalhou, em coletiva de imprensa realizada no Centro Integrado de Segurança Pública (Cisp) de Novo Lino, na noite de segunda-feira (14), os desdobramentos das investigações sobre o desaparecimento da bebê Ana Beatriz, de 15 dias, ocorrido na cidade. A atualização do caso foi feita pelo secretário Flávio Saraiva e pelo delegado Igor Diego, diretor da Diretoria de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), que coordena a apuração pela Seção Antissequestro.
O caso mobilizou a cúpula da SSP. O secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva, e o secretário executivo, Patrick Madeiro, estiveram pessoalmente em Novo Lino, onde conversaram com os investigadores e, principalmente, com os pais da bebê. Eles também reforçaram o apoio institucional à família e pediram à população que colabore com qualquer informação que possa ajudar nas buscas. Informações podem ser repassadas de forma anônima através do Disque Denúncia 181.
O secretário Flávio Saraiva parabenizou o empenho das forças de segurança no trabalho de elucidação do caso.
“As equipes da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Perícia Oficial têm se dedicado com total compromisso e responsabilidade. Destaco também o apoio fundamental que recebemos das forças de segurança de Pernambuco, da Polícia Rodoviária Federal (PRF) e a colaboração da prefeita de Novo Lino, Marcela Gomes de Barros, que tem dado total suporte às operações na cidade”, afirmou o secretário.
Durante a coletiva, o delegado Igor Diego informou que a mãe da criança já prestou cinco depoimentos diferentes desde o início das investigações, sendo a última versão a que a polícia agora considera como foco principal. Segundo ela, dois homens encapuzados, usando luvas e casacos, teriam invadido a residência durante a madrugada — após ela, supostamente, ter deixado a porta aberta —, abusado sexualmente dela (sem conjunção carnal) e, em seguida, levado a bebê.
A polícia, no entanto, encontrou inconsistências relevantes nos relatos. Igor Diego explicou que nenhuma testemunha — entre familiares e vizinhos — relatou ter visto Ana Beatriz desde a noite da quinta-feira anterior ao suposto sequestro, tampouco escutado choro ou sinais da presença da criança entre aquela noite e a manhã da sexta-feira.
Além disso, investigações indicam que, na quarta-feira à noite, a mãe da criança buscava ajuda para lidar com fortes cólicas da bebê. “Ela relatava que Ana Beatriz estava com a barriga inchada e bastante irritada. Chegou a pedir indicações de medicamentos e sugestões de troca de leite”, disse o delegado. “Contudo, após isso, não houve qualquer atualização para essas pessoas sobre uma melhora no quadro da criança”.
“Ela apresentou cinco versões diferentes. E durante esses dias, gastamos toda a energia da Polícia Militar e da Polícia Civil para verificar cada uma das versões. Quando mostramos que não batiam com os fatos, ela inventava uma nova versão. E não tínhamos como descartar nenhuma até então”, completou.
O delegado João Marcello, também da Dracco, explicou que a primeira versão apresentada pela mãe, no próprio dia do desaparecimento, foi a de um suposto sequestro cometido por quatro homens armados, que teriam abordado a mulher em um ponto de ônibus na BR-101 e levado a bebê de seus braços. Segundo ela, os criminosos estavam em um carro preto, modelo Classic, e ela estaria a caminho da casa da sogra. No entanto, testemunhas que estavam no local negaram a presença do veículo e afirmaram que viram a mãe sair de casa e ir à casa de uma vizinha sem a criança.
Após ser confrontada, Eduarda mudou sua versão várias vezes, passando a afirmar que os suspeitos eram dois, estavam a pé, depois armados com faca, depois desarmados, até chegar à quinta versão, já detalhada por Igor Diego. Vizinhos também negaram ter ouvido qualquer barulho ou pedido de socorro na madrugada do desaparecimento, o que levanta ainda mais dúvidas sobre a veracidade do relato da mãe.
Buscas
O canil do Corpo de Bombeiros foi acionado para realizar novas buscas na residência da família e em terrenos nas imediações, com o objetivo de tentar identificar qualquer indício que pudesse direcionar a localização da criança. No entanto, a operação precisou ser interrompida após uma das cadelas utilizadas na varredura se ferir ao pisar em um caco de vidro.
“Fizemos uma busca minuciosa, especialmente em áreas de mata e de difícil acesso próximas à casa. A intenção é detectar qualquer pista que possa ser útil na investigação. Mas, por segurança e bem-estar dos nossos animais, decidimos encerrar temporariamente a ação quando uma das nossas cadelas se machucou. Vamos retomar assim que ela estiver apta, ou com outra equipe”, explicou o tenente do Corpo de Bombeiros Ascânio.
Investigações continuam
O delegado Igor Diego reforçou que o trabalho da Segurança Pública permanece com máxima prioridade para elucidar o caso e localizar a bebê. Ele destacou a importância da colaboração da população e anunciou novas diligências para os próximos dias.
“As investigações continuam e novas diligências estão sendo planejadas e executadas com o máximo de empenho. A prioridade da Segurança Pública é encontrar a pequena Ana Beatriz o quanto antes. Reforçamos que qualquer informação pode ser fundamental para o caso e deve ser repassada pelo 181, com garantia total de sigilo”, afirmou o delegado.